Você sabia que o cigarro prejudica nossa circulação?

Todos sabemos que o tabagismo pode causar diversas doenças, como diferentes tipos de câncer e enfisema pulmonar. Mas como ele age na nossa circulação e o que ele pode causar?

O cigarro está relacionado às mais variadas doenças cardiovasculares pois ele provoca diversas alterações prejudiciais ao nosso organismo:

  • Aumento dos níveis de triglicérides e colesterol, principalmente os tipos ruins (LDL e VLDL).
  • Radicais livres da fumaça do cigarro alteram a forma desses tipos de colesterol, aumentando a chance deles se depositarem na parede dos vasos em forma de placas de gordura.
  • A nicotina ativa nervos que diminuem o calibre dos vasos, chegando menos sangue nos órgãos.
  • Desequilibra nosso sistema de coagulação, aumentando a chance de haver trombose (entupimento) das artérias e veias.
  • Aumenta as inflamações de nosso corpo de modo geral, inclusive nas placas de gordura dos vasos sanguíneos.
  • Substâncias inaladas se ligam à hemoglobina do nosso sangue de modo irreversível, diminuindo a oxigenação dos órgãos.

Através destes mecanismos de ação, o cigarro não só provoca o surgimento e crescimento de placas de gordura nos vasos, como também aumenta a chance de desenvolvimento de trombose. Associado ao estreitamento dos vasos e à menor oxigenação, é compreensível o quanto o hábito de fumar é maléfico para nossa circulação de todo o corpo.

 

As doenças cardiovasculares mais relacionadas ao hábito de fumar cigarro são:

 

  • Infarto do coração
  • Trombose de artérias de qualquer local do corpo
  • Trombose venosa profunda (TVP)
  • Obstrução das artérias das pernas, com possibilidade de necrose dos dedos e necessidade de amputação
  • Obstrução das artérias dos rins, podendo necessitar de diálise
  • Obstrução das artérias que irrigam nosso sistema digestório, provocando dor abdominal ao se alimentar
  • Crescimento dos aneurismas da aorta, do abdome e dos membros inferiores
  • Acidente Vascular Cerebral (derrame cerebral)

 

É importante salientar que mesmo exposição discreta à fumaça do cigarro já pode causar alterações significativas em nosso organismo.

A maior parte dos danos são cumulativos e irreversíveis. Quando o paciente para de fumar, as placas de gordura podem ter sua velocidade de crescimento diminuída. Dessa maneira, se você é tabagista, apesar de não poder alterar as lesões nos vasos sanguíneos já existentes, parar de fumar é a melhor opção para cuidar da sua circulação!

 

Equipe Vida Vascular

Como prevenir trombose venosa profunda (TVP) durante viagens de avião?

A trombose venosa profunda é a formação de um trombo (coágulo) dentro de uma veia profunda, geralmente nas pernas.

Durante longas viagens de avião, a permanência do indivíduo na mesma posição, sem espaço suficiente para manter as pernas confortáveis, faz com que o sangue dentro das veias tenha maior dificuldade em retornar ao coração, o que propicia o desenvolvimento desta doença. Esta condição foi popularmente chamada de “síndrome da classe econômica”.

A importância se dá pelo risco do coágulo se desprender, chegando às artérias do pulmão (embolia pulmonar), o que pode ocorrer durante o próprio vôo e ser fatal.

Um dos estudos realizados para se detectar trombose venosa durante vôos foi realizado pelo médico John Scurr em 2001 e constatou a presença desta condição em até 10% de todos os pacientes do sexo masculino, com mais de 50 anos de idade e que viajaram por um período maior que 8 horas. A grande maioria dos indivíduos não apresentava sintomas de trombose.

Outros trabalhos mostraram uma incidência significativamente menor, entre 1 a 2% dos viajantes. Além disso, sabe-se que, em média, a cada 2 horas a mais de viagem, aumenta-se o risco do desenvolvimento de trombose venosa profunda em 16%.

Mas afinal, o que eu posso fazer para diminuir a chance de ter trombose venosa profunda durante uma viagem?

Em viagens longas acima de 2 horas, em qualquer modalidade de transporte:

 

– Caminhe nos corredores (em aviões ou trens) ou faça paradas a cada uma hora (em carros ou ônibus) para movimentar as pernas;

– Use roupas confortáveis, que não apertem a cintura ou as pernas;

– Ingira líquidos abundantemente, pois o ar dentro do avião é extremamente seco, facilitando a desidratação;

– Evite bebidas alcóolicas e remédios que dêem sono, o que pode dificultar a movimentação das pernas e as caminhadas;

– Enquanto estiver sentado, faça movimentos com as pernas, mexendo os pés para cima e para baixo;

– Use meias elásticas de compressão, cujo benefício foi comprovado através de vários estudos em diferentes países;

– Uso de AAS (Aspirina®) ou anticoagulantes para pacientes de alto risco: é ainda controverso, porém é indicado por parte dos especialistas em casos selecionados.

 

Como eu consigo saber se eu tenho um risco elevado de ter trombose venosa profunda?

Em nosso serviço, temos um protocolo para pesquisa de trombose venosa profunda, assim como das doenças e condições que propiciam seu desenvolvimento.

Não é raro detectarmos doenças em pacientes assintomáticos que serão submetidos a algum procedimento cirúrgico.

Desta maneira, conseguimos nos antecipar à doença, prevenindo sua ocorrência e evitando fatalidades que poderiam ocorrer.

Tem alguma dúvida ou comentário sobre este tema? Escreva abaixo!

Semanalmente, postaremos novas matérias interessantes sobre nossa especialidade!

 

Obrigado pela sua visita.

Equipe Vida Vascular

 

Fontes:

1) Anticoagulation Europe (http://www.anticoagulationeurope.org/advice/travellers-thrombosis)

2) Frequency and prevention of symptomless deep-vein thrombosis in long-haul flights: a randomised trial

Scurr, John H et al.

The Lancet , Volume 357 , Issue 9267 , 1485 – 1489

3) The Absolute Risk of Venous Thrombosis after Air Travel: A Cohort Study of 8,755 Employees of International Organisations.

Kuipers S, Cannegieter SC, Middeldorp S, Robyn L, Büller HR, Rosendaal FR (2007).

PLoS Med 4(9): e290. doi:10.1371/journal.pmed.0040290

4) Risk Factors for Venous Thromboembolism

Frederick A. Anderson Jr., PhD; Frederick A. Spencer, MD

Circulation.2003; 107: I-9-I-16

Anticoncepcional X Trombose Venosa Profunda

 

Devo continuar usando anticoncepcional apesar do risco de trombose venosa?

 

O uso de pílulas anticoncepcionais é o método de planejamento familiar mais utilizado pelas mulheres. É comum serem administrados por longos períodos. O maior perigo para qualquer medicamento utilizado por tanto tempo é o risco do paciente vir a apresentar efeitos colaterais importantes.

Em relação aos anticoncepcionais orais, o maior perigo é a trombose venosa profunda das pernas e a embolia pulmonar.

Estes medicamentos geralmente consistem na associação de dois hormônios (progestagênio e estrogênio) ou como progestagênio isolado.

Todos conhecemos casos próximos de alguém que fazia uso da anticoncepção hormonal e apresentou trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar.

 

Afinal, o uso desses hormônios aumenta a chance da mulher apresentar trombose venosa profunda e consequentemente uma possível embolia pulmonar com risco de vida?

A resposta é sim!

 

A grande questão é: vale a pena eu continuar tomando meu anticoncepcional?

É provado que os contraceptivos hormonais combinados aumentam o risco de trombose venosa profunda mesmo em mulheres jovens e sadias. Apesar disso, o aumento é discreto e não contraindica a sua utilização nestas pacientes.

Já no caso da paciente apresentar outros fatores de risco para a trombose, como obesidade, tabagismo, idade maior que 40 anos e outras doenças específicas como as trombofilias, há uma potencialização importante do aumento do risco em se de desenvolver a doença, devendo-se evitar a sua utilização.

O ideal é conversar com seu ginecologista e procurar um médico vascular especialista que consiga detectar fatores de risco ou doenças silenciosas que aumentam o risco de trombose venosa e embolia pulmonar.

Esperamos que tenha aproveitado o texto. Tem alguma dúvida? É só nos perguntar abaixo nos comentários.

 

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